Era
tarde de terça-feira, 09 de abril de 2019, aos poucos os Servidores Municipais foram
se concentrando em frente ao prédio da Câmara Municipal de Maceió, no bairro de
Jaraguá, enquanto outra parcela expressiva de Servidores já haviam adentrado ao
prédio mais cedo e ocupado o pequeno plenário onde aguardavam o início da
sessão.
O
presidente da casa naquela ocasião era o vereador Kelmann Vieira, pertencente
ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), mesmo partido do prefeito
Rui Palmeira, que havia encaminhado ao parlamento para aprovação dois Projetos de
Lei que alteravam o Plano de Cargos e Carreira (Lei 4.974/2000), e o Estatuto
dos Servidores Municipais (Lei 4.973/2000).
Ambas
proposituras traziam mudanças impactantes para o funcionalismo municipal. Elas alteravam
e suprimiam direitos das categorias como redução do tempo para progressão por
mérito e titulação, mudavam regras de pagamento de insalubridade,
periculosidade, férias, horas extras, entre outras alterações danosas que não
haviam sido debatidas com os Sindicatos representantes dos Servidores
Municipais.
A
sessão foi iniciada pelo presidente da casa. O grupo de Servidores que já se
encontravam ocupando o plenário passaram a protestar pedindo a não aprovação do
Projeto Lei. Por conta do elevado número de pessoas no local uma das portas de
vidro acabou sendo quebrada. Enquanto isso, na porta da Câmara Municipal já se
somavam centenas de Servidores, e cada vez mais o clima ficava tenso, uma vez
que todos queriam adentrar ao prédio para impedir a votação.
Policiais
da Rádio Patrulha e do Pelotão de Operações Especiais (BOPE), foram acionados para
tentar proteger o prédio e os vereadores. Numa breve tentativa de dispensar o
funcionalismo da porta da Câmara, a polícia passou a empregar o uso da força
física, efetuando disparos de balas de borracha e bombas de efeito moral contra
Professores, Enfermeiras, Agentes de Saúde, Merendeiras, Nutricionistas, Guardas
Municipais, entre outros servidores presentes.
O
emprego da força policial de nada adiantou. A multidão enfurecida avançou contra
os policiais forçando à entrada ao prédio. Pedras e cadeiras foram usadas para
quebrar os vidros de portas e janelas. O confronto com os PMs se intensificou,
e os Servidores Municipais em maior número conseguiram transpor a barreira
policial e adentrar ao prédio com faixas, bandeiras, cartazes e gritando palavra
de ordem contra o prefeito Rui Palmeira.
Em
nota divulgada na época, o prefeito Rui Palmeira tentou justificar o envio dos dois
Projetos de Lei à Câmara Municipal dizendo que tais proposituras buscavam
adequar a legislação municipal que tratavam do Plano de Cargos, Carreira e
Salários a realidade financeira, contábil e orçamentária da prefeitura naquele
momento.
A
união de esforços que envolveu centenas de Servidores Municipais naquele
momento de luta para garantir a manutenção de direitos que haviam sido
conquistados pelas categorias ao longo de anos valeu a pena, e os dois Projetos de Lei do prefeito Rui Palmeira acabou não sendo levado
adiante, com tudo, ficou o exemplo de união e força dos Servidores Públicos
Municipais de Maceió.